Vive em mim um grito mudo
Que se soltar acordaria o mundo
Uma dor continuada comprime o meu peito
Quebra-me a vontade, sinto-me a sufocar
Se subisse à mais alta montanha
E perto do céu me confessasse
Seria eu merecedor de perdão?
Ou para sempre viveria preso a essa ilusão?
Quero soltar-me, quebrar os elos
Que me mantêm acorrentado a este meu fado
As forças faltam-me, a mente esmorece
E abandonado ao meu destino
Sinto-me perdido, nada acontece
Cheia de surpresas
Que a vida se encarrega de me proporcionar
São muitos os golpes de teatro
Que durante este percurso tenho de protagonizar
Cada cena, cada acto
Não tem direito a ensaio
Subo ao palco e improviso
Na esperança de que o desenlace final
Seja aquele que tanto desejo
Largo tudo, corro veloz contra o vento
Nada me pode parar agora
que sei qual é o meu destino, aquele que anseio num abraço
e que já não me deixa separar daquilo que faço
Era bom, não era?
Poder rasgar o peito e cá para fora soltar
Tudo o que invalida que sejamos realmente nós.
Bruxo
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