quarta-feira, 30 de setembro de 2009

Matisse




Com quantos megapixels se faz um Matisse?

Aquela senhora certamente escapara de um quadro do Botero. Rsrs
Com a silhueta impiedosamente delineada pela calça fuseau e pela camiseta três números a menos que o necessário, parou por alguns segundos diante do quadro intitulado Nu sentado Contra Fundo vermelho, pintado em 1925 pelo mestre Henri Matisse.
Sacou sua câmera digital cor de rosa de origem sino duvidosa e sapecou uma foto. Conferiu a imagem no pequeno visor de LCD e seguiu rolando pela exposição Matisse hoje, na pinacoteca do estado de São Paulo, capturando com apenas 4 megapixels e em poucos


minutos a obra visual que o gênio francês levou uma vida inteira para conceber e produzir.
Por que ela não parava para olhar os quadros? Não custava nada. Sério. Era sábado, dia de entrada franca. Aqueles quadros demoraram séculos para chegar àquelas paredes.
Custava parar um pouquinho para apreciá-los? Mesmo sendo uma retrospectiva pequena ou uma “microspectiva”, como dizia o texto de entrada, Matisse Hoje é a primeira mostra significativa do pintor no Brasil. Mas ela seguia como Van Damme: nada poderia detê-la. Clique, clique, clique.
Logo, percebi que não era só ela. Pelo menos um terço dos visitantes não observam os quadros em si. Estavam vendo a exposição através das telinhas de seus Blackberries, Nokias e Motorolas. Alguns postavam diretamente para suas paginas no Facebook os quadros que nem tentavam apreciar. “Ele deve ter morrido agora”, chutava outra senhora, errando por apenas meio século, enquanto fotografava uma colagem.
O advento da câmera digital plenamente acessível a toda população do planeta está banalizando o poder das imagens. Do mesmo jeito que o dinheiro na praça desvaloriza uma moeda, os trilhões de fotos geradas todos os dias desvalorizam cada unidade singular. Ao ponto de não conseguirmos mais olhar para uma imagem e sentir tantas emoções assim. Os visitantes fotografam, não para contemplar as obras mais tarde, mas para apenas provar que estiveram lá. Assim acontece com nossos textos, levamos dias, meses, noites sem sono pensando uma forma de colocar bem as palavras, e em questão de segundos alguém vem, seqüestra tuas idéias e nem sequer lhe dá a chance de pagar um resgate.
Quando Matisse mostrou pela primeira vez seus quadros fauvistas no Salon DÁutomme, em 1905, em Paris, algumas das visitantes chegaram a desmaiar. Para gerar esse tipo de reação, uma imagem precisa ser observada com intensa concentração e respeito. Assim acontece com a leitura.

(inspirado no artigo da revista Època SãoPaulo)
(foto ilustradora do Henri Émile Benoît Matisse
(1869-1954) Foto de um Matisse Carmelina

Preciso me remodelar




Preciso me remodelar...
Deixar esta mania de que posso ser dono do tempo ficar dando nomes e predicados a tudo que não precisa e querer estar nos lugares onde a vida já se encarrega das formas e regras.

Eu tenho a estranha mania de complicar tudo!
Com os meus métodos e fórmulas infalíveis que nunca me levou a lugar nenhum, sou às vezes mecanizado.

De tanto eu errar nesta vida eu acabo me esquecendo também de acertar, e querendo acertar eu quase deixo de ser eu mesmo. Eu não quero dizer que penso em você nas madrugadas, que me pego no trânsito a rir sozinho de algo que você falou, por mais que para outros olhos não tenha graça nenhuma, não quero dizer também que você me faz tanta falta que chega a corroer o coração. Eu me esqueço que com o tempo as pessoas acabam se esquecendo de como é bom amar...
Mais do que natural envergonhar-se somente do que é indigno, e que é primordial ser você mesmo. Então porque ter vergonha de amar?
Sei que tenho sentimentos. È normal eu te desejar tanto assim?
E não me fale para deixar de te amar porque eu vou encher a tua casa de flores.

Vou curar toda a carência que você possa ter.

A saudade?
Saudade se cura estando juntinho e com carinho, e só.

E eu que pensei que seriam suficientes todos aqueles momentos inesquecíveis, aqueles que entre um beijo e outro, surgiam sorrisos e entre um entregar-se e outro, eu te olhava atentamente os detalhes, com fome de guardar qualquer imagem tua que pudesse amenizar a saudade que eu começaria a sentir durante aqueles milésimo de segundos depois de você beijar a minha boca que se faria outra vez fria e soltar as minhas mãos pra entrar naquele avião que te levaria para outro lugar que não fosse ao meu lado. Eu imaginava que quando você entrasse naquele avião estaria levando algo de mim, estaria a levar meu amor, meus dias de luz, minhas manhãs que ao acordar eram sublimes com tua presença com teu cheiro...
A minha saudade segue aqui, te manter na lembrança é um artifício de prender tua alma.

Essa noite eu não vou chorar de saudades.

Vou fechar meus olhos, e exigir que as horas tragam você até mim, ao menos mais uma vez
Para que eu possa saber, se você é meu erro ou meu acerto.
By Bruxo

segunda-feira, 28 de setembro de 2009


Ah! Se pudéssemos escolher por quem vamos nos apaixonar!
A maioria das mulheres quando são crianças, sonham em encontrar o príncipe encantado. Elas idealizam o homem perfeito e todas as qualidades que precisam ter, quando menos esperam, se apaixonam, algumas delas caem de amores por aquele que não podem ter.
Mesmo sabendo que ele já está comprometido, elas topam ser a outra.
Este tipo de relacionamento muitas vezes deixa feridas, não apenas na pessoa traída, mas na própria amante. Se apaixonar por um homem comprometido pode acontecer com qualquer uma, porém algumas mulheres só se apaixonam por eles. Por que isso acontece?
A carência, necessidade de afeto e atenção, entre outras coisas. “Ela acredita não ser capaz de encontrar outro homem como ele, pois vê nele o ideal de homem que ela tanto busca”, disse. Mas ela também pode procurar um homem casado justamente por não querer um relacionamento sério. “Ela não quer se casar e ter toda a rotina e cobrança que existe no casamento.”
Há também mulheres que se envolvem com homens aparentemente bem casados pelo simples fato de elas quererem destruir o relacionamento dele. “Elas sentem prazer em destruir o casamento e a felicidade do casal.”
No geral, a outra tem vontade de se tornar a oficial. “O sonho de toda mulher é ter um homem só para ela”.
“No fundo todas as amantes têm a esperança de se tornarem exclusivas e, mais do que isso, oficiais”.
Porém, quando se tornam oficiais, algumas perdem o interesse. Na maioria dos casos, isso acontece quando a mulher não estava à procura de um compromisso sério, e sim de um passatempo, uma diversão. Algumas, por terem baixa auto-estima, também acabam não querendo mais nada com o parceiro quando se tornam a oficial. “Elas podem ficar inseguras e perder o interesse ao considerar que seu parceiro pode vir a procurar uma amante, repetindo com ela o que fez com a antiga parceira”. “Outras podem perder o interesse por se sentirem culpadas de terem destruído o casamento dele.”
Manter um relacionamento com um homem comprometido é ter uma relação pela metade. “É um relacionamento com dia e hora marcados para acontecer, não é algo natural em que ele possa ser procurado a qualquer momento e ela não pode estar com ele em qualquer lugar a qualquer hora”.
“É um relacionamento que traz mais sofrimento do que alegrias.”
Os homens não costumam mentir para suas amantes, mas sim para as esposas.
Eles fazem falsas promessas apenas quando percebem que a amante quer terminar o relacionamento. “Ele diz que vai se separar, que ela é a mulher da vida dele, que está com a esposa apenas por causa dos filhos ou então inventa que a esposa está muito doente e, por isso, ainda não se separou”.
Seja qual for o caso, a mulher que aceita ser a amante precisa entender e aceitar as limitações desse tipo de relacionamento. “Ela corre o risco de ver sua auto-estima ruir.” Tanto a amante quanto a oficial acabam sofrendo com isso. “O sofrimento é proporcional à expectativa que elas têm em relação ao homem”. “Se a amante acredita nas promessas, é porque deseja ficar com ele a todo custo, e a esposa pensa que fez tudo por esse homem porque o ama e se sente apunhalada pelas costas.”

Texto retirado da net, só dei umas retocadas rsrs...achei que devia compartilhar com meus amigos.

sábado, 26 de setembro de 2009

Desculpas








Queria hoje te pedir desculpas!
Quero me desculpar se não consigo te esquecer, se em minha vida só existe você e sonho contigo todo o momento, desculpe se não sou o que necessita e se sou fraco por não conseguir viver longe de você, desculpe se nos meus dias sempre lembro do teu olhar, se em minha vida somente falo do seu sorriso, se sonho que na minha boca tem seu gosto, desculpe se ao fechar meus olhos só vejo você, que saudade! Dezenove anos, filhos casa e sonhos.No fundo do meu coração não sei se vivo e se quero muito mais do que uma simples vida sozinho, desculpe meus sentimentos porque ao falar de ti eu tremo de emoção... Estou mais que apaixonado, somente me desculpe!
Desculpe se te amo e meu sonho existe e estou te escrevendo de dentro do meu coração. De onde nunca mais quero sair, pois o lugar é seu, e  teu nome e teu cheiro está vivo nele, minha vida é sua e nada vai me impedir de te dizer que estou aqui para te amar, não sinto sua pele, mas sinto sua vida e sinto o calor das palavras que atingem meu coração. As vezes digo palavras que não queria dizer, por te amar tranquei dentro de mim toda minha vida. Desculpe por tentar uma vez fugir do seu olhar, porque no fundo sabia que te amava, mais do que a mim mesmo, mais do que o Sol que aquece meus dias,desculpe por roubar teus sorrisos e guardá-los em minha memória, me de mais um sorriso e um olhar, me de uma vida e um sonho, um motivo para sorrir! Ou somente uma palavra para que eu possa continuar vivendo meus sonhos, para que meu coração seja mais do que um eu te amo e saia a te procurar em todas as dimensões, em todos os lugares que tenha vida.
Desculpe, por olhar nos teus olhos sem chorar, desculpe por meus sonhos.
Já te culpei de minhas lagrimas, mas hoje eu quero dormir junto a você sempre para compensar o tempo que fiquei nocauteado e fiquei sem meus sonhos que me faziam sorrir.
Venha dormir junto comigo, dentro do meu coração, de onde te escrevo e termino dizendo, sou seu!
By Bruxo

sexta-feira, 25 de setembro de 2009

whisky e Gin



Entre whisky e Gin, os dois trocam todo o tipo de olhares tímidos e discretos entre si.

“ - Mais um whisky com duas pedras de gelo.”
Era necessário fazer tempo até ganhar coragem e ir ao encontro dela, como num filme qualquer onde o homem confiante, forte, atraente e de cigarro na boca tinha como objetivo “caçar” a primeira mulher que tivesse um rótulo estampado no olhar com as seguintes indicações: carente, financeiramente abastada, necessitada de noites escaldantes com orgasmos gritantes, facilmente descartável, ingênua e minimamente aceitável fisicamente. Este romance é outro gênero com contornos mais próximos do drama ou da tragédia. O homem não é um herói e a mulher não é ingênua
(se bem que precisa daquelas noites em que a respiração faltava-lhe vez em quando)
suficiente para cair numa armadilha tão manhosa com um trago de sensualidade à mistura (ela sabia que ele jamais seria suficientemente capaz de tal. Por quê?).
Os copos amontoam-se no balcão do bar e, ao de longe, ela o vê aproximar-se em passos largos para a decadência total. Sente-se, em parte, culpada pelo momento que ele atravessa mas sabe que não podia iludir-se mais; que um recomeço entre eles seria exigir um empenho descomedido e que nada seria como no inicio pois a sensação de pureza e de simplicidade que morrera no ápice em que o seu segredo fora desvendado no mar de lágrimas salgadas que ela resistira a limpar-lhe. Deixou-o esgotar-se e torturou-o com o seu silêncio.
arrependida?
No meio de tanto banzé, tacadas vindas da mesa de snooker, homens e mulheres que se confidenciam e gladiam-se com os argumentos necessários para acabarem num motel qualquer a fim de terem sexo, entre risos crônicos e cínicos aqueles dois não param de pensar no passado; no dia em que as duas almas se converteram em uma só .
Olha para ti e vê no que te tornaste: ela voltou a se descobrir, largou os lençóis com o teu cheiro, fez a cama, sorriu ao mundo, pintara-se com o estojo que lhe ofereceste no terceiro mês de união e escolhera o lápis de cor azul
(Aquele que tanto gostava que ela usasse)
marinho e retocara os olhos, perdera o medo de encarar o mundo, saiu do triste lar em busca de algo que desconhecia mas que a poderia ajudar a enfrentar a dor. Ele encarara que tinha caído, que falhara redondamente, que não estava preparado para amar aquela mulher. Bebia de manhã, à tarde, quando tinha sede, quando não a tinha… Lamentava-se a todo o instante por não ter amado exaustivamente a mulher que aprendeu a admirar e a respeitar
(e a amar?)
na sua ausência. Perdera os botões de punho que ela dera-lhe enquanto não tinha entendido que o amor tem limites e tornara-se obcecado com os poucos momentos de felicidade em comum.

Largas uma lágrima que foge apressadamente para um qualquer canto do teu corpo onde se possa esconder da tua vergonha, felizmente não vai para os copos de whisky que se vão amontoando no balcão como cabras no pasto. Só de saber que foste minha um dia e te perdi para todo o sempre…
“ - Outro whisky, por favor.”
Diz ele, que se debruça esperando escutar uma voz oriunda da madeira do balcão ou do interior dos copos vazios e
“ -Terei eu me apaixonado por alguém que realmente não existe; que foi criada pela minha expectativa? A culpa não é tua… Ninguém é dono de tudo e de todos.)
continua a refletir, aparentemente, sobre nada. No meu consciente , ainda ecoa aquela frase dita por uma menina. Já não tem corpo nem espírito; foram retirados numa noite de lua cheia. Tiraram-lhe tudo e agora agarra-se à “alma”, aquela que mais de metade da população mundial não sabe o que significa, mais uma das muitas perguntas sem resposta…
Não sei se tive amor ou apego por ti mas, a verdade é que de tanto te desejar, perdi-te para sempre e nada mais me resta. Aí esta você, sem querer mostrar-me a cara. Reparei nos tons azuis que estão nos olhos e pergunto-me se usaste aquela cor que tanto amava… Se é a minha cor ou não, já não sei responder, quero acreditar que é meu. Apenas quero “voar como o vento.
(ainda lembra quem te disse isto?)
Como aquela menina que era independente de tudo, de todos, do mundo. Saudade da infância perdida, onde as pinturas eram as mais puras e belas… Crescer fez-me ver um universo funcional a três dimensões, com pormenores assustadores e detalhes (excessivamente) duvidosos. Perguntei-lhe um dia, se a vida não se baseava num sentimento de inquietude com uma mistura de falsas expectativas e um trago de sonhos irrealizáveis.
Mais um whisky por Favor?
Não me lembro se chegaste a responder
(chegaste?)
Porque os meus olhos a muito que já se tinham perdido nos contornos do teu cabelo loiro, as mãos afagando as linhas finas que te davam a mais belas das cores ao teu cabelo
(ou ainda eras morena?)
Sedoso e macio. Tal como tu, em todas as tuas expressões mesmo nos momentos mais aflitivos eras branda e suave demais. As tuas mãos irradiavam tranqüilidade em cada gesto que expelias do teu interior. Ouve as minhas preces e volta para mim, entrega-te novamente e deixa-te voar
(como a pequena menina)
Nos meus braços até encontrares um caminho que te leve aos meus lábios embriagados e secos de ti.
Ali está ele, certamente a lamentar-se do pouco tempo que viveu com ela e de tanto que ficou por provar. Impávido e sereno olha para os copos como se estivesse a estabelecer uma conversa telepática com o liquido já evaporado. Ela contempla qualquer coisa, mas, sem nunca desviar a atenção do balcão. Não sei se ela tem prazer em apreciar aquele traste ou se está à espera de um sinal dele para avançar. Pintara-o um dia, com muita relutância dele, numa tela gigantesca onde talvez quisesse expressar o seu amor, por ele, num espaço tão amplo. Não seria demais? Pegara num fino pincel e começara a traçar-lhe as curvas do rosto impávido e (ainda) sensual. Lá fora, à noite e a lua cheia teimavam em espreitar pela janela a obra que ela estava a criar. Enquanto desenhara, dissera-lhe que “todas as críticas sobre uma obra de um artista são positivas, o pior é quando a obra não desperta sentimentos nas pessoas e as deixa na total indiferença”. Não sei se ele ouvira o que aquela mulher tão inteligente afirmara, mas, a pintura lá continuou noite dentro até a última pincelada.
Onde é que estará aquele quadro que pintei? Aquele em que mostrei ao mundo como tu, verdadeiramente, eras? Aquela pintura que teimaste que não fosse concretizada? Tinhas vergonha de te revelar? Por quê? Dentro de ti, estava a pessoa mais bela, carinhosa e sensual que alguma vez me tocara… Nunca vira um pincel com tanta avidez de pintar o que quer que fosse,
(ou seria a minha mão?)
Ele sentira-te e um enorme desejo de gravar na tela uma daquelas fotografias de alguém que amamos muito e anda sempre conosco. Tenho saudades de te pintar.
Tua vez!
Diga-me?
Que pintar o meu rosto, o meu perfil, o perfume escondido nos olhares que lançavas sobre a paisagem da janela. Não percebia se olhavas para a lua ou para a viúva da luz acesa mas a verdade é que isso não te interessava, gostava de me ver assim, tão personalizado, tão austero e delicado ao mesmo tempo. Poderia eu voltar a ser o seu amante, o seu amor? Começarias eu tudo outra vez? Reacenderias a chama do teu peito? Colarias teu corpo ao meu? Voltaria a dançar no salão de prata, iluminado pela luz das velas, ao som daquela orquestra afinada? Ergue-te na madrugada e lança as tuas asas, cobrindo este corpo áspero da saudade, e voa com a eterna sonhadora. Por mais cores que junte não te sinto aqui…
Não me tragas o passado nem as lembranças, as expectativas defraudadas e o que ficou por concretizar.Vivas nesse teu mundo inconstante
(ainda mais do que o meu e com a ajuda destes copos)
e vá seguir o teu desstino. Quero partilhar o meu coração, aquele que foi teu, e que viveu dentro de ti por um instante. Adianta tentar esquecer-te? Consigo, e quero, vive e renasce no meu interior com todos os meus pequeninos detalhes, recriei-me e , lembra-te de mim, como uma fotografia pregada à parede.
Iluminando as paredes que ouvem o choro de um grande amor. Lembras-te de mim? Ainda sabes o meu nome? Ainda vivo sem ti? Perdi o teu carinho num dos muitos baús lá de casa. Não sei onde o guardei, talvez se tenha dissipado no pó da noite sem luar. Ainda me vês? Alcanças-me? Desejas-me? Voltarás para casa, desencantada da vida e do sonho. E se tivesse alguém que me quisesse bem… Desisto desta busca? Ou espero pela Primavera por um sinal? Que jeito tão estúpido de ser. Tão vazia a alma, a voz.
Declaro que antes de me deixar levar pelas ondas da bebida fui até ao mar conversar sobre tudo e nada, sobre a vida que agora eu sei e que jamais te encontrarei totalmente nas memórias. Foste mais que uma utopia, uma visão de um rude viajante que se negava a dizer não. E agora que vamos beber? Resta-me afogar-te numa morte rápida e sem amargura. Vou tentar, desta vez, não me atirar do barco voar como um herói ou galanteador de mulheres. Achei, sem dúvida, o grande amor da minha vida…

Fim

Meu eu, seu eu...




Caminho placidamente entre o ruído e a pressa. Lembrando-me de que a paz pode residir no silêncio.
Sem me renunciar, esforço-me para ser amigo de todos.
Às vezes digo a verdade quietamente, claramente.
Escuto os outros, ainda que sejam torpes e ignorantes; cada um deles tem também uma vida que contar.
Evito os ruidosos e os agressivos, porque eles denigrem o espírito.
Se me comparo com os outros, posso converter-me num homem vão e amargurado: sempre haverá perto de mim alguém melhor ou pior do que eu.
Alegro-me tanto com as minhas realizações como com os meus projetos.
Amo o meu trabalho, mesmo que ele seja humilde; pois é o meu tesouro na vida.
Procuro ser prudente nos meus negócios, porque no mundo abundam pessoas sem escrúpulos.
Mas que esta convicção não me impeça de reconhecer a virtude; há muitas pessoas que lutam por ideais formosos e, em toda a parte, a vida está cheia de heroísmo.
Sou eu mesmo. Sobretudo, não pretendo dissimular as minhas inclinações. Não sou cínico no amor, porque quando aparecem à secura e o desencanto no rosto, isso me converte em algo tão perene como a erva.
Aceito com serenidade o cortejo dos anos, e renuncio sem reservas aos dons da juventude.
Fortaleço meu espírito, para que não me destruam em desgraças inesperadas.
Não invento falsos infortúnios.
Muitas vezes o meu medo é resultado da fadiga e da solidão.
Não esqueço uma justa disciplina, sou benigno para mim mesmo. Não sou mais do que uma criatura no universo, mas não sou menos que as árvores ou as estrelas: tenho direito a estar aqui.
Vivo em paz com Deus, seja ele como for; entre os meus trabalhos e aspirações, mantenho em paz com a minha alma, apesar da ruidosa confusão da vida.
Apesar das minhas desilusões, das minhas lutas penosas e dos sonhos arruinados, a Terra continua a ser bela.
Tentarei ser cuidadoso e lutar para ser Feliz.
By Bruxo


Todos sabemos que a vida é um eterno aprendizado. O que afirmamos hoje pode não ser exatamente o que pensaremos amanhã. Trocamos o percurso, analisamos sob outro foco e direcionamos nosso pensamento para outro lado, dependendo da história que estamos vivendo no momento. Acordamos radiantes e cheios de certeza, mas, de repente, por um motivo qualquer, mudamos o humor, somos invadidos pela dúvida e passamos a viver uma outra realidade, repleta de sombras e questionamentos.
O grande problema é a visão de linearidade que temos. Queremos simetria em tudo, e isso não é possível dado o fato de que a maioria de nós não é sozinho e depende do outro para sentir a mesma fragrância, desejar os mesmos sonhos, concretizar as mesmas fantasias. Isso se resolve num instante para os afoitos e impulsivos: decidem a seu modo o que parece estar em transição. Acabam por se ferir e ferir quem está a seu lado. Acabam por destruir uma história que poderia ter uma cena a mais, com um colorido diferente, um olhar mais demorado sobre a situação.
Só que o tempo não volta para que os erros sejam consertados. Quem vive a dois sabe que precisa se valer do verbo mágico “relevar”. Relevar fatos do cotidiano nem sempre é fácil. É preciso uma boa dose de tolerância, acompanhada de maturidade para administrar os acontecimentos que fluem aos borbotões, sem controle nem aviso prévio. Como ser maduro e sábio o suficiente para desviar uma tomada de caminho errado? Como entrar no trilho novamente sem ter certeza de que é isso que se quer realmente?
Somos únicos! É difícil pensar a dois. As vontades, o comportamento, as ambições maiores ou menores, os desejos intensos ou medianos, tudo depende da visão de cada um. De repente, a dada altura da vida, percebemos que o sorriso não é mais voluntário, as emoções não são mais tão verdadeiras, a espontaneidade e o aconchego cedem lugar ao afastamento. Percebemos que o tempo está passando, conduzindo os nossos passos para a frente e a nossa vontade é ficar parado, esperando encontrar uma solução para as nossas incertezas, querendo, desesperadamente, que o tempo espere as coisas se resolverem, que o sorriso volte, que as emoções fluam como antigamente.
Mas o tempo é implacável! E entram aí o desânimo, a reclusão, a falta de energia e expectativa por dias melhores. O tempo, então, passa a andar na nossa frente, carregando todas as nossas dúvidas e tristezas, puxando-nos pela mão que, obedientes, inclinamos a cabeça e não percebemos mais que o sol está brilhando forte, que a vida é para se errar, que o presente é o que mais conta, que razão e emoção precisam estar alinhadas no mesmo nível e que a força para modificar as coisas está dentro de nós. Aliás, a força depende da vontade, e a vontade precisa ser muito grande para descobrir onde está escondida a nova realidade que se quer.
A verdade é que queremos a certeza de que não estamos enganados, de que não vamos mudar de ideia ao trocar o “dormir e acordar de cada dia” pelo “passar noites em claro com um punhado de nuvens nas mãos”. A vida não nos dará respostas, não trará fórmulas para as nossas angústias existenciais ainda que procuremos por elas no fundo da alma. Ninguém pode ter certeza de nada - nem do dormir e acordar. Então, o aceitável seria que fizéssemos uma lista das insatisfações que temos e outra do que está a contento. Se a primeira se sobrepuser à segunda é porque está na hora de começar a pensar em carregar um punhado de nuvens nas mãos.

Dom Juan


Você não precisa ler a última tradução do Kama Sutra, o clássico manual de instruções sexuais hindu, para seduzir uma mulher. Tudo começa com o flerte. Alguns homens são meio desligados para os sinais que as mulheres passam quando estão interessadas: elogiá-lo várias vezes em uma conversa, aproximar-se um pouco mais do que o normal, enviar-lhe uma mensagem de boa-noite, encostar o braço dela no seu, falar passando a mão nos cabelos, tudo isso traduz-se em interesse.
Diferentemente dos outros tipos de envolvimento, seduzir é a arte de "insinuar". Aquilo que fica entre o que pode ser, e o que de fato é. Seduzir é pura emoção! Não ultrapassa barreiras e também não é estático. O encanto pode permanecer durante muito tempo se você tiver imaginação e criatividade para "sugerir. Tudo deve ser considerado, desde um simples gesto ao abrir a porta do carro, até uma carona em um dia abençoado de chuva. A despedida deve ficar entre o que você realmente quer, e o que ela está disposta a devolver. Espere! Tem que ser recíproco!
Para os Tímidos:
A arte de envolver é mais simples do que parece. Primeiro, deixe de lado a timidez e a insegurança. Mulheres gostam de homem com personalidade. Ouse, sem temer as consequências, sem resvalar nas carências e parecer dependente. Você precisa ser leve, solto, docemente atrevido. Nada pode ser ensaiado, mas analise cada ato minuciosamente antes de executá-lo: uma atitude precipitada pode incorrer em frustração. Ex: só porque ela lhe deu um sorriso, não significa que você precisa trazer flores no dia seguinte, ou então, escrever uma canção de amor, expondo o seu eu-lírico ao ridículo. Deixe isso para bem depois.
Para os afoitos:
Antes de partir com tudo para a conquista, descubra quem ela é. Se for do tipo fleumático e romântico, você terá um pouco mais de trabalho, já que passividade não comunga com sedução. Em vez de um, você terá que dar dois passos à frente para que ela perceba as suas intenções. Jogue com o que você tem de melhor, observando, porém, o que mais a atrai - se é o seu jeito romântico, ou o seu estilo mais ousado. Se você é melhor com as palavras, use-as, se são os gestos, traduza-os.
Em contrapartida, as mulheres mais seguras e determinadas entenderão de imediato as suas intenções, e neste momento você precisa estar atento. Ela exigirá bem mais do que palavras e gestos. Ele pede ação! É preciso agilidade e pouca audácia, sem rompantes de paixão, pois mulheres assim tendem a se cansar rapidamente quando percebem que o alvo já foi atingido. Aqui, é um passo para a frente e meio para trás. Ainda que ela avance o sinal, não perca a cabeça e vá devagar: primeiro atraia e envolva, depois se apaixone.
A sedução pode ser praticada e se tornar mais eficiente se houver preocupação de sua parte em desenvolver a linguagem corporal: o olhar, os gestos, as palavras, o silêncio, o contato. Todos os homens podem ser sedutores, o segredo, como veem, é ter coragem de ousar, acreditar no seu poder de encantamento e aproveitar as consequências positivas do seu feito. Boa sorte, Don Juan!

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

UTI do Amor





Veio uma coisa maluca na cabeça neste exato momento e não poderia deixar de registrar.
Vocês já imaginaram se existisse um hospital que curasse uma doença chamada Amor?
E se você estivesse com esta doença? E ela fosse contagiosa! Exemplo seu filho nasceu e você, o leva a clínica ou ao posto de saúde, para tomar a tríplice amoral...
Chega ao pronto socorro com febre de 40 graus, doutor será gripe do amor a gripe H1morre1?
Vou examiná-lo, tem sentido bobeira nos últimos dias? Vontade de rir a toa? Só fica pensando em um modo de agradar a pessoa amada? Tem tido vontades incontroláveis de estar do lado da pessoa por quem está apaixonado?
Se a resposta for sim para todas...
Tenho de interná-lo, vais ficar em observação!
Mas doutor é grave?
Depende de como vai reagir distante deste amor por estes dias...
Já pensou?
Acho que não estou certo da cachola não... rsrsrs
By Bruxo

terça-feira, 22 de setembro de 2009

Desejo de te ver...



È tarde, aqui sentado na varanda, escuto somente o rangido do balanço, o mesmo que passávamos horas nos amando, sem se quer dizer uma palavra... Os olhos falavam por nós!
Espero-te aqui, não tenho pressa de entrar, meu coração entra em divergência com a razão, meus passos custam a obedecer à razão, custa-me a acreditar, que não aparecerá em frente ao portão, com aquele sorriso, com o mesmo desejo de quando nossos olhos se cruzaram...
Desejo te ver abrir novamente esta porta, a porta deste coração que hoje fica a esperar por teu amor, que implora para a razão quebrar este encanto que você deixou, mas não tenho pressa.

Como diria Fernando Pessoa:

Não: devagar.
Devagar, porque não sei
Onde quero ir.
Há entre mim e os meus passos
Uma divergência instintiva.
Há entre quem sou e estou
Uma diferença de verbo
Que corresponde à realidade.

Devagar…
Sim, devagar…
Quero pensar no que quer dizer
Este devagar…
Talvez o mundo exterior tenha pressa demais.
Talvez a alma vulgar queira chegar mais cedo.
Talvez a impressão dos momentos seja muito próxima…

Talvez isto tudo…
Mas o que me preocupa é esta palavra devagar…
O que é que tem que ser devagar?
Se calhar é o universo…
A verdade manda Deus que se diga.
Mas ouviu alguém isso a Deus?
Pois é Fernando daqui pra frente eu continuo...
Olho para o chão, triste...
Vejo uma sombra, e imagino ser a tua, pois até tua sombra eu conhecia bem, sem saber eu ficava a te admirar enquanto apreciava sua xícara de café pelas manhãs, ali parada olhando teu jardim... Seguia-te pela sombra que adentrava a casa, me perdia em teus pensamentos, sabia que você sorria para as rosas como se fossem irmãs, e ao me aproximar cada vez mais de você, já podia sentir o aroma das rosas em teu cabelo...
São lembranças, que me falam que o tempo não volta para o lugar onde nasceu por isto me contento com a sombra da roseira, acordo todos os dias no mesmo horário, fico olhando para esta mesma varanda, vejo o sol nascer, e na sombra da roseira consigo te ver mais uma vez...
A razão me diz que é abandono, mas o coração me diz que é perda...
By Bruxo

sábado, 19 de setembro de 2009

O Amor Dói?




Hoje me peguei pensando em nós dois... E o mais engraçado é que estava andando pela net e eis que resolvi dar uma passadinha no blog de uma amiga, e o que vejo?
Um post com um clipe da Sandra de Sá com a música “Retratos e Canções”.
Me solto em pensamentos, e imagino qual a razão de implorarmos um amor ou melhor não termos o amor que imaginamos merecer, nesta vida já fiz de tudo, implorei me humilhei, já fiz promessas de joelho... tenho de rir! 
Patético não acha ?
O amor dói me perguntaram?
Amor não dói quando se é completo, quando ambos estão apaixonados e visam a mesma coisa. Infelizmente o amor não vive de um só coração, chega uma hora que vem a auto- estima, de repente a venda cai, e o que achava que te mataria, te enche de amargor, até que vem a cura, outro amor... 
Quem dera pudéssemos entrar numa loja de amores, já pensou?
Você adentra na loja, vem a vendedora e pergunta?
Em que posso ajudá-lo(a) ?
Estou procurando um amor!
Sim, claro, nós temos amores de vários tipos, temos amor louco todas as cores e tamanhos, temos amor alucinante este é unisex, temos também amor sincero em todas as cores, mas para o seu tamanho será preciso encomendar.
Já imaginou?
Infelizmente não é assim, ou felizmente, depende da razão e de cada um.
O amor não sobrevive sozinho, e não há como furtar o amor, nem implorar...
Ele vive atrás de uma porta no coração, depende de você deixá-la destrancada ou até mesmo aberta...
O amor machuca sim, se não houver reciprocidade e se você se enganar com a dor, achando que é amor!
O amor é a alma aberta, é paixão, são loucuras, devaneios e principalmente a entrega...
Podem me chamar de masoquista, mas na realidade todos gostamos deste amor que dói, ao menos os poetas gostam, pois daí vem a inspiração para poesias...
Tipo daquelas assim:
“Dói-me a alma

que sangra por dentro

e transborda meu sofrimento

chorando lágrimas de dor.



Dói-me a alma

que por nada se acalma

nos uivos que dá

quando sinto tua falta



Dói-me a alma

nas noites chuvosas

enfadonhas, ruidosas

em que me lembro de ti.



Dói-me a alma

meu coração despede-se

num sofrimento impávido

sem regras nem leis.



Dói-me...

Dói-me meu peito

que em dor ajeita

em luto também

sempre que minha alma

morre de amor por alguém.
Pois é ...
O amor dói!
By Bruxo

quarta-feira, 16 de setembro de 2009




O copo de uma bebida Chilena, chamada Chicha me acompanha nesta noite.
Quando eu fui visitar o Chile na última vez, meu amigo disse que as mulheres optavam muito por esta bebida. Então resolvi trazer uma garrafa para testar sua opinião. Acabei abrindo a garrafa, sem ter mulher nenhuma ao meu lado. Se elas gostam, por que não eu? E se é boa, por que não tomar sozinho? Caso aprovado.
Um bom livro e uma garrafa de Chicha, de apenas 11.5° não iria fazer grandes estragos. Só um problema. Acabei só pensando na mulher que poderia estar ao meu lado. Que droga.
Incrível esta vida, que nos leva a marcar momentos de definir situações. Estou a beber o gosto das mulheres. Que bom! Pena, ela querer estar longe neste momento. E nem precisava fazer isso comigo. Outro dia pediu-me um “tempo” para ajeitar as coisas. Não entendi muito bem o significado de “tempo”, mas, como é de costume, aceitei se pedido. Acho que depois de alguns dias compreendi tal pedido. Queria um “tempo” para passear de mãos dadas com o futuro incompleto de suas respostas as minhas perguntas. Pois que alguns dias antes, um comentário mais ou mesmo assim surgiu:
- “Fácil sabermos onde estamos, é só imaginarmos daqui a dois ou três anos, se quisermos permanecer como estamos”. Comentei.
- “Acho que não, não estou contente neste momento e não me imagino mantendo esse relacionamento com essa pessoa daqui a alguns meses sequer”. Disse ela.
- “Ótimo, viu só como pensar no futuro pode resolver seu presente?”
Outro dia também tive a coragem de arrumar uma “briguinha”. Daquelas de dizer que seu tempo acabou comece a pensar no nosso, e ajeita o nosso futuro.
Além disso, ou melhor, antes disso, também tive outras coragens, de escrever-lhe algumas poesias, cartinhas românticas, mandar flores... Depois, só depois então, notei que o tal “tempinho” era apenas um gesto de agradecimento pela atenção que dispensei.
Ainda reforcei que não deveria brincar com estas coisas, pois a solidão é muito grande quando se vive uma expectativa. Parece uma grande distância. Suas palavras em adição as minhas fora de que é realmente uma dor terrível sentir o ser amado distante, vivendo a apenas dois quarteirões. Bom. Pensei. Mensagem enviada e mensagem recebida. Creio que a sintonia é importante nesses começos.
Mas, o pensamento poético é muitas vezes utópico. Parece um carnaval. E fora de época, para completar a dor.
Seus olhos ganham meu coração, e sua cor dizem coisas como a chama, tem cor de mel puro, e aos poucos não se movem dentro da serenidade e não dão-me os movimentos do fogo da paixão.
A mulher não quis chegar para provar nada, mas talvez esteja tendo algo que acredita ser melhor. É uma pena pensar que muitas delas, acreditam que podem acender uma fogueira, assoprando a luz de um vaga-lume pensando que é uma faísca. Sem poeta, sem nada.
As vezes, é triste escrever e dizer que o amor se esbanja, deixamos todo mundo ver, e noutro dia, tem-se de escrever e nem deixar ela saber. Mas como dizia Vinícius: “A tristeza tem sempre uma esperança...” e ainda: “A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”. Ah, se não fossem um poeta a ajudar o outro?! Só assim a gente sabe como ficar triste nesta vida.
Mas, a beleza que vem do coração sabe sentir solidão. Não importa saber que nela, não brotou o instante preservativo e ao mesmo tempo, libertário das emoções.
Um dia, depois de mandar-lhe flores, tive uma vontade imensa de perguntar-lhe se já havia visto uma flor, e não somente olhado para uma. Senti também, a vontade de contar-lhe, que àquelas florinhas lindas, cheias de cores, enfeitando um vaso; nasceram para ela. Que um dia, simplesmente eram sementes, que germinaram para fazê-la sentir feliz e querida. E que estariam dispostas a morrer pelo seu destino, só para deixarem-se refletir aos olhos dela um gostinho de amor. Será que tudo isso sabe ela?
Como eu gostaria de ensinar-lhe a ver uma flor!
Como nos fazem falta a sensibilidade de notar as coisas simples, detalhes de nossa vida! Quantas vezes escovamos os dentes e não escutamos a água que escorre da torneira? Quantas vezes vestimos sem sentirmos a pele?
Que outro tipo de homem, senão um poeta, saberia amar a mulher amada?
Perdoem-me os homens machistas e que se dizem cheios de coragem (é preciso defender o pedacinho do território do céu na terra), mas, depois de fazer amor com a amada, a convidaria para ajoelharem-se e deixar com Deus o momento abençoado? Que tipo de prece e palavras deixariam os dois, Deus e ela, a chorar? Classificaria isso de múltiplos prazeres, físico e espiritual? Que instante! Postos na mesma noite.
Num sorriso, eu também diria a ela que havia lembrado de outra frase de Vinícius: “Deixa, não me deixa ficar triste”. Eu só mudaria um pouquinho esta frase. Deixa, eu nunca vou deixar você ficar triste. Depois, para não deixar um pouco de lado minha própria poesia, buscaria um pedacinho de soneto e diria a ela: “O amor é coisa do céu, é santo”.
Mais vale um poeta e homem na terra, que dois anjos, loucos de ciúme no céu.
Então, que não apenas quero reclamar a quem delas roubam o tempo. Mas apenas e em particular a ela, que desperdiça um gosto de descoberta. Sem perder tempo.
Triste também, é lembrar para isso tudo terminar, que as últimas palavras de desespero de um piloto que morrera há poucos dias e com ele, cento e dezesseis pessoas:
- “Meu Deus, meu Deus, não dá mais tempo”.
By Bruxo

terça-feira, 15 de setembro de 2009

Auto Retrato




Da janela vejo o homem escrevendo ansioso, ocioso e melancólico, sua face guarda um semblante embaçado e sem nexo, sem face seu brilho não existe no universo, as mãos cada vez mais trêmulas, parece que existe uma tragédia por trás dessa folha de papel, sua escrita é serena e seu gesto parece ter odor, cor e forma, mais e mais vai se aproximando do seu objetivo e mais triste vai ficando aquele homem, ainda consigo perceber um suspiro mais profundo, é como a chegada de um choro, seu momento é tênue, por alguns instantes ele pára e pensa, olha para o horizonte, um olhar perdido, talvez num passado muito distante, depois volta a rabiscar seu papel, através da sombra que se faz à meia luz consigo ver a silhueta de sua mão a escrever, agora mais calma e mais serena, como se estivesse tecendo cada verbo, cada canto de sua escrita, talvez nem estivesse pensando no que escrevia, apenas rabiscando e vivendo seu momento, eu me ponho a pensar que momento seria o vivido por ele agora. Então calmamente o homem se levanta, olha para frente e pensa por alguns instantes, dá alguns passos, pára novamente, olha para trás, olha para sua escrita, por alguns momentos ele fica estático, depois se vira e vai ao oposto de onde estava, segue seu caminho em passos calmos e sem pressa. Com tremenda sensação de curiosidade não resisto ao que para mim é mais forte que tudo nesse instante, então calmamente vou à sua mesa e vejo o pedaço de papel com o desenho de um homem muito triste, e em baixo escrito: "eis me aqui, assim me sinto no momento".

O medo do Amor



Medo de amar? Parece absurdo, com tantos outros medos que temos que enfrentar: medo da violência, medo da inadimplência, e a não menos temida solidão, que é o que nos faz buscar relacionamentos. Mas absurdo ou não, o medo de amar se instala entre as nossas vértebras e a gente sabe por quê.
O amor, tão nobre, tão denso, tão intenso, acaba. Rasga a gente por dentro, faz um corte profundo que vai do peito até a virilha, o amor se encerra bruscamente porque de repente uma terceira pessoa surgiu ou simplesmente porque não há mais interesse ou atração, sei lá, vá saber o que interrompe um sentimento, é mistério indecifrável. Mas o amor termina, mal-agradecido, termina, e termina só de um lado, nunca se encerra em dois corações ao mesmo tempo, desacelera um antes do outro, e vai um pouco de dor pra cada canto. Dói em quem tomou a iniciativa de romper, porque romper não é fácil, quebrar rotinas é sempre traumático. Além do amor existe a amizade que permanece e a presença com que se acostuma, romper um amor não é bobagem, é fato de grande responsabilidade, é uma ferida que se abre no corpo do outro, no afeto do outro, e em si próprio, ainda que com menos gravidade.
E ter o amor rejeitado, nem se fala, é fratura exposta, definhamos em público, encolhemos a alma, quase desejamos uma violência qualquer vinda da rua para esquecermos dessa violência vinda do tempo gasto e vivido, esse assalto em que nos roubaram tudo, o amor e o que vem com ele, confiança e estabilidade. Sem o amor, nada resta, a crença se desfaz, o romantismo perde o sentido, músicas idiotas nos fazem chorar dentro do carro.
Passa a dor do amor, vem a trégua, o coração limpo de novo, os olhos novamente secos, a boca vazia. Nada de bom está acontecendo, mas também nada de ruim. Um novo amor? Nem pensar. Medo, respondemos.
Que corajosos somos nós, que apesar de um medo tão justificado, amamos outra vez e todas as vezes que o amor nos chama, fingindo um pouco de resistência mas sabendo que para sempre é impossível recusá-lo.
By Bruxo

segunda-feira, 14 de setembro de 2009

Diário de dois amantes





Eram papéis velhos, já amarelados e de bordas gastas pelo tempo. Pareciam uma carta que nunca chegou ao seu destino. Escritos com caneta bico de pena, tinham um suave cheiro de rosas quase secretado pelo mofo. Ele estava há muitas horas arrumando o porão da nova casa, que comprara com tanto sacrifício, e descobriu naquele baú velho uma distração enquanto descansava. Nada ali era seu, tudo pertencia ao antigo dono da casa. Um velho tachado de louco que falava de ressurreição e dizia controlar a vida. Se sabia acabou por esquecer, pois morreu de velhice sentado na cadeira de balanço. Cadeira essa onde Carlos estava sentado confortavelmente lendo a carta.

Era uma declaração de amor. Mas Carlos não acreditava no amor, ele que nunca havia sentido nada por ninguém e morava sozinho desde que se formara. A solidão era a vida dele e, pelo que diziam as cartas, do falecido também. Eis o que estava escrito:

Minha cara Luana,



Há muito tento escrever esta humilde carta, mas nunca tive coragem de fazê-lo. Até agora. Espero que não se aborreça com minhas palavras, mas quero que saiba o que estou sentido para que essas emoções não morram comigo. No dia em que te conheci percebi que estava só. Sim, a solidão sempre foi minha companheira, mas a partir daquele dia passou a morar comigo. Sem você as rosas do jardim soam como falsas e o canto dos pássaros apenas um barulho irritante. O pôr do sol apenas anuncia a chegada da escuridão. Me sinto como a lama que escorre pela rua em dia de chuva. As secas folhas que caem das árvores no outono.

Não foi culpa sua, nem culpa minha, de eu ter me apaixonado. Mas foi culpa minha desse amor ter me feito sofrer. Nunca tive coragem de me declarar e, fazendo isso agora, espero que me entenda e acabe com esse pesar.

Carlos parou por aí. Aquilo era extremamente ultrapassado, “careta”. Não era de se estranhar, pois se o velho estivesse ainda vivo teria mais de cem anos. E bote cem anos nisso. “O que mais haveria no velho baú”? - pensou antes de revirá-lo. Lá dentro haviam coisas muito estranhas, o velho devia ser louco mesmo. Um manto negro com um pentagrama desenhado, uma adaga enfeitada, incenso de rosas - certamente de onde veio o cheiro da carta -, um livro empoeirado e uma caixinha de metal que fazia muito barulho quando manuseada. O quê haveria dentro dela? Ao abrir ele se surpreendeu com a besteira que achara. Um monte de objetos sem nexo, pareciam o bolso de uma criança. Uma pena, uma pequena pedra, uma vela vermelha usada até a metade e um vidrinho com uma água já esverdeada dentro. Devia ser água do mar, pois estava a tanto tempo parada que o sal se acumulou no fundo do vidro. “Talvez virasse uma praia dentro de alguns milênios se eu não tivesse mexido” - zombou. Suspirou de tédio e acabou tossindo com a poeira que invadiu-lhe os pulmões. O dia havia sido cansativo e ele pensou em tomar um banho e dormir vendo televisão. Mas havia se esquecido de que a TV, assim como o resto da mudança, só chegaria em alguns dias. Porém ainda havia aquele livro velho e empoeirado, se não fosse tão “açucarado” quanto a carta serviria como distração.

Depois do banho refrescante fez um café com leite e subiu para seu quarto. À luz do abajur, abriu o livro. Tinha uma capa de couro e um marcador de fita vermelha. As páginas eram desgastadas e amareladas nas bordas, além de possuírem um furo fino no canto, certamente o caminho de uma traça centenária. Foi logo para a última página, pois costumava sempre ler o final do livro para ver se agradava. Não era um método comum mas fazia parte da personalidade dele. Estava escrito, em letras mortas:

E ela virá para buscar o que me pertence e levar até mim. Em sono pleno estarei e ela caminhará pela eternidade até me encontrar. Juntos seremos felizes, pois assim eu desejo e assim será.

Ele parecia determinado em suas palavras, mas não o homem romântico e sofredor que passava ser na carta. Carlos concluiu, então, que aquilo foi escrito depois da carta. Mas o quê levaria o velho a mudar tanto? Foi por esse motivo que ele começou a ler pela primeira página, e foram poucos os livros que tiveram essa honra. Era uma espécie de diário onde o velho, que chamava-se Alfredo, passava seus conhecimentos e desejos. De início parecia interessante, ele falava sobre bruxaria e energias da natureza. Apresar de Carlos não acreditar nesse tipo de coisa, tomou o diário como uma obra de ficção. Depois de ler por alguns minutos acabou caindo no sono.

Acordou na manhã que se seguiu e foi trabalhar. Nem se lembrou do livro mas sentiu uma sensação de que algo lhe faltava. Pensamento que ele logo preencheu com outro: “Deve ser a fome”. Depois do almoço - uma quentinha que comprou no caminho - subiu até seu quarto e encontrou o livro largado no chão ao lado da cama. Como tinha a tarde livre, resolveu continuar e saber o que se sucedeu ao velho Alfredo. Foi quando tocou a campainha, era Rosana. Não, não era sua amante, mulher da sua vida ou namorada. Era a faxineira que por tantos anos trabalhou para a mãe de Carlos e agora estava sendo “emprestada” à ele. “Comece pelo porão”, disse ele depois de mostrar-lhe a casa, “Estarei em meu quarto se precisar de alguma coisa”. Voltou a ler o diário depois passar alguns minutos para reencontrar a página de onde parou.

As energias do Cosmo estão em harmonia com toda matéria, mas apenas os seres viventes têm o poder de controlá-la à seu favor. Através do pensamento, portado apenas pela humanidade, pode-se evocar ou expulsar tais energias, negativas ou positivas…

Carlos parou de ler, já entediado. Parecia mais com as conversas de sua tia Magnólia, uma gorda confeiteira que misturava tudo quanto era crença. Vivia arranjando simpatias para “espantar energias negativas”. Ou dizia para a mãe dele, sua irmã, chamar um pai de santo para “fazer uns trabalhos na casa”, que segundo ela, estava “muito carregada”. Carlos pulou aquela parte chata e repulsiva - por lembrar de sua doce tia - e virou umas dez páginas até achar algo que lhe chamou a atenção. Era um bilhete escrito em uma tinta e papel diferentes, com uma caligrafia delicada e extensa. Vinha de Luana, à quem Alfredo nutria grande paixão, e parecia marcar um encontro, no bosque. Que bosque? Não havia sequer um jardim decente naquele bairro! Aí Carlos lembrou que a carta tinha quase a idade de sua avó.

PAFT! Foi o som ouvido por Carlos que tirara sua atenção do bilhete. Algo caíra no porão e Rosana clamou por ajuda. Ao descer deparou-se com a mulher fazendo massagem no próprio pé e um quadro caído ao chão. Depois de passar gelo para diminuir o inchaço, Rosana explicou que tentava transportar o quadro quando ele caiu em seu pé. Não era um quadro grande, mas a moldura pesava muito. Era, na verdade, um retrato pintado de uma linda mulher. Talvez fosse Luana. Não haviam palavras para descrever com perfeição seu rosto rosado, seu olhar cheio de ternura e seus lisos cabelos loiros caídos nos ombros. Já foi ele arrumando um pretexto para pendurar o quadro na sala: “Pelo menos preenche essa parede vazia” ou “O artista soube usar bem os efeitos de luz e sombra”. Se deixou enfeitiçar por ela. O que nenhuma “mulher de verdade” tinha conseguido fazer.

Aumentou sua curiosidade por saber como era o amor entre Alfredo e Luana. Tudo estava escrito no diário. Às vezes eles passeavam pelo bosque, faziam piqueniques, viajavam. Mas Alfredo não estava satisfeito com o fato da amada não acreditar em magia. Um dia, segundo o diário, ele pregou-lhe um susto com um feitiço simples. Feitiço que estava descrito no diário e Alfredo usou para fazer um gato ficar louco por alguns instantes. Desde então Luana passou a desconfiar de que fosse realmente possível que seu amor, sua alma, fosse um bruxo. Carlos procurou em seu mundo algo que procurasse explicar o que lia: “Das duas, uma: Ou ele tinha uma imaginação muito fértil, ou usava drogas…”. Ele não estava interessado nos truques e baboseiras mágicas de Alfredo, queria sim conhecer Luana. Parecia que ela fazia parte de seu mundo, agora. Que era uma amiga de longo tempo. Às vezes ficava contemplando seu retrato na hora do jantar, naquela sala vazia.

Até que, finalmente, Carlos descobriu o que procurava - que, aliás, havia esquecido que procurava -, o motivo que o levou a ler o diário. Por que Alfredo tornou-se o homem capaz de escrever: “pois assim eu desejo e assim será”. Foi a morte de Luana. Ao ler aquilo Carlos deixou cair o livro em suas mãos, ficou chocado com o fato daquela mulher tão jovem ter morrido daquela forma. Enquanto cavalgava no bosque o cavalo se assustou, ela caiu e quebrou o pescoço. Uma coisa dessas é comum, uma morte tão banal, e por isso, uma fatalidade. Alfredo tornou-se um homem depressivo, alcoólatra. Em muitas páginas não escrevia nada com nada. Até que, uns dois meses depois da data da morte, ele descreveu algo que chamou de “salvação divina”. Era um livro chamado Necronomicon: O Livro dos Mortos. Segundo o diário, Alfredo passou a estudar o livro dia e noite, integralmente. Anotava suas experiências e projetos. Tratava da necromancia, o estudo da morte e dos mortos, como um assunto qualquer. Tinha a esperança de um dia ressuscitar Luana. Carlos não entendia quase nada do que estava escrito no diário, mas era suficiente para saber que o velho realmente era um louco. De certo devido ao trauma que sofrera. Pulando até o final, Carlos descobriu que Alfredo tinha um plano. Já haviam se passado duas décadas desde a morte de Luana e o velho entendeu que ela nunca voltaria à ele, mas ele podia ir até ela. Era um ritual perigoso e podia até levá-lo ao inferno, mas sua alma não tinha mais nada a perder. Deixou uma breve mensagem de despedida para o mundo, dizendo que os dois renasceriam e continuariam a viver seu amor, que acabava como Carlos já sabia.

Quando se deu conta já era tarde da noite e tinha de acordar cedo no dia seguinte para trabalhar. Ler o diário durante aquela semana o levou à um passado remoto, o fez conhecer Luana e viajar nos delírios de Alfredo. Nada passou de um entretenimento, a não ser uma coisa: Luana. Talvez tenha se apaixonado por ela pela maneira em como Alfredo a descrevia. Não sabia. Procuraria esquecer tudo aquilo aos poucos e tirar o quadro dela da sala. Guardou o diário de volta no baú do porão, junto com as outras coisas. Aliás, Carlos já sabia o que significavam. Os objetos dentro da caixa metálica representavam os quatro elementos, o incenso de rosa era o incenso do amor, o punhal e o manto eram usados para fazer rituais. Percebeu que pelo menos havia aprendido alguma coisa, mesmo que inútil para ele.

Foi trabalhar indisposto na manhã seguinte, sonhara com Luana. Logo ele, de coração tão fechado e descrente na paixão, se via às voltas desse tipo de coisa. No trabalho comentou sobre isso com um amigo, que se interessou no diário. Ia emprestar para ele, já que não fazia uso. Voltou para casa e foi direto para a cozinha preparar um café. Na sala, Rosana limpava os móveis com o aspirador e nem ouvira um “boa tarde”. Ao descer ao porão para pegar o diário não encontrou o baú, assim como outros livros velhos que estavam entocados em uma caixa de papelão. Dirigiu-se à Rosana: “Onde está o baú velho que havia no porão?”. A mulher respondeu, com a maior cara lisa: “Ué, Carlinhos, já esqueceu?”. Esquecer do quê? Agora ele não estava entendendo mais nada. E Rosana continuou: “Uma mulher chegou aqui e disse que tinha falado com você. Daí ela pegou as coisas e foi embora…”. Carlos perguntou, já ficando irritado: “Mas que mulher, se eu não permiti a ninguém entrar na MINHA casa e mexer nas MINHAS coisas?!”. Rosana parou, desligou o aspirador e apontou para o retrato de Luana: “A mulher aí do quadro”, disse ela, esperando a reação do patrão para certificar-se de que não havia feito nada de errado. Mas a reação de Carlos foi diferente do normal. Terminou de beber o café olhando para o quadro. Isso soava familiar ao sonho que tivera. Rosana votou a ligar o barulhento aspirador e não tirou a concentração dele. Mais uma vez Carlos apreciava o retrato, a beleza de Luana. Talvez não tirasse aquele quadro de lá.