quarta-feira, 16 de setembro de 2009




O copo de uma bebida Chilena, chamada Chicha me acompanha nesta noite.
Quando eu fui visitar o Chile na última vez, meu amigo disse que as mulheres optavam muito por esta bebida. Então resolvi trazer uma garrafa para testar sua opinião. Acabei abrindo a garrafa, sem ter mulher nenhuma ao meu lado. Se elas gostam, por que não eu? E se é boa, por que não tomar sozinho? Caso aprovado.
Um bom livro e uma garrafa de Chicha, de apenas 11.5° não iria fazer grandes estragos. Só um problema. Acabei só pensando na mulher que poderia estar ao meu lado. Que droga.
Incrível esta vida, que nos leva a marcar momentos de definir situações. Estou a beber o gosto das mulheres. Que bom! Pena, ela querer estar longe neste momento. E nem precisava fazer isso comigo. Outro dia pediu-me um “tempo” para ajeitar as coisas. Não entendi muito bem o significado de “tempo”, mas, como é de costume, aceitei se pedido. Acho que depois de alguns dias compreendi tal pedido. Queria um “tempo” para passear de mãos dadas com o futuro incompleto de suas respostas as minhas perguntas. Pois que alguns dias antes, um comentário mais ou mesmo assim surgiu:
- “Fácil sabermos onde estamos, é só imaginarmos daqui a dois ou três anos, se quisermos permanecer como estamos”. Comentei.
- “Acho que não, não estou contente neste momento e não me imagino mantendo esse relacionamento com essa pessoa daqui a alguns meses sequer”. Disse ela.
- “Ótimo, viu só como pensar no futuro pode resolver seu presente?”
Outro dia também tive a coragem de arrumar uma “briguinha”. Daquelas de dizer que seu tempo acabou comece a pensar no nosso, e ajeita o nosso futuro.
Além disso, ou melhor, antes disso, também tive outras coragens, de escrever-lhe algumas poesias, cartinhas românticas, mandar flores... Depois, só depois então, notei que o tal “tempinho” era apenas um gesto de agradecimento pela atenção que dispensei.
Ainda reforcei que não deveria brincar com estas coisas, pois a solidão é muito grande quando se vive uma expectativa. Parece uma grande distância. Suas palavras em adição as minhas fora de que é realmente uma dor terrível sentir o ser amado distante, vivendo a apenas dois quarteirões. Bom. Pensei. Mensagem enviada e mensagem recebida. Creio que a sintonia é importante nesses começos.
Mas, o pensamento poético é muitas vezes utópico. Parece um carnaval. E fora de época, para completar a dor.
Seus olhos ganham meu coração, e sua cor dizem coisas como a chama, tem cor de mel puro, e aos poucos não se movem dentro da serenidade e não dão-me os movimentos do fogo da paixão.
A mulher não quis chegar para provar nada, mas talvez esteja tendo algo que acredita ser melhor. É uma pena pensar que muitas delas, acreditam que podem acender uma fogueira, assoprando a luz de um vaga-lume pensando que é uma faísca. Sem poeta, sem nada.
As vezes, é triste escrever e dizer que o amor se esbanja, deixamos todo mundo ver, e noutro dia, tem-se de escrever e nem deixar ela saber. Mas como dizia Vinícius: “A tristeza tem sempre uma esperança...” e ainda: “A vida é a arte do encontro, embora haja tantos desencontros pela vida”. Ah, se não fossem um poeta a ajudar o outro?! Só assim a gente sabe como ficar triste nesta vida.
Mas, a beleza que vem do coração sabe sentir solidão. Não importa saber que nela, não brotou o instante preservativo e ao mesmo tempo, libertário das emoções.
Um dia, depois de mandar-lhe flores, tive uma vontade imensa de perguntar-lhe se já havia visto uma flor, e não somente olhado para uma. Senti também, a vontade de contar-lhe, que àquelas florinhas lindas, cheias de cores, enfeitando um vaso; nasceram para ela. Que um dia, simplesmente eram sementes, que germinaram para fazê-la sentir feliz e querida. E que estariam dispostas a morrer pelo seu destino, só para deixarem-se refletir aos olhos dela um gostinho de amor. Será que tudo isso sabe ela?
Como eu gostaria de ensinar-lhe a ver uma flor!
Como nos fazem falta a sensibilidade de notar as coisas simples, detalhes de nossa vida! Quantas vezes escovamos os dentes e não escutamos a água que escorre da torneira? Quantas vezes vestimos sem sentirmos a pele?
Que outro tipo de homem, senão um poeta, saberia amar a mulher amada?
Perdoem-me os homens machistas e que se dizem cheios de coragem (é preciso defender o pedacinho do território do céu na terra), mas, depois de fazer amor com a amada, a convidaria para ajoelharem-se e deixar com Deus o momento abençoado? Que tipo de prece e palavras deixariam os dois, Deus e ela, a chorar? Classificaria isso de múltiplos prazeres, físico e espiritual? Que instante! Postos na mesma noite.
Num sorriso, eu também diria a ela que havia lembrado de outra frase de Vinícius: “Deixa, não me deixa ficar triste”. Eu só mudaria um pouquinho esta frase. Deixa, eu nunca vou deixar você ficar triste. Depois, para não deixar um pouco de lado minha própria poesia, buscaria um pedacinho de soneto e diria a ela: “O amor é coisa do céu, é santo”.
Mais vale um poeta e homem na terra, que dois anjos, loucos de ciúme no céu.
Então, que não apenas quero reclamar a quem delas roubam o tempo. Mas apenas e em particular a ela, que desperdiça um gosto de descoberta. Sem perder tempo.
Triste também, é lembrar para isso tudo terminar, que as últimas palavras de desespero de um piloto que morrera há poucos dias e com ele, cento e dezesseis pessoas:
- “Meu Deus, meu Deus, não dá mais tempo”.
By Bruxo

2 comentários:

  1. Na solidão, venho conversar com os seus textos.
    Bem... Ao tentar definir o que se passa neste texto, imaginei uma “homem” com seu traje branco feliz em interagir com o mundo,tragando seu gole de chicha.. porém, ao mesmo tempo, avistei a “alma” deste homem com um traje em negro que parecia estar refletido sobre as atitudes da mulher...a mulher que apenas olha, mas não vê a flor não vê a tua sensibilidade!
    Bom, mas esse mel não é para todas!

    Belíssimo texto meu anjo!
    Um beijo com gosto de chicha.

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  2. Felina
    Para alguns homens é dificil falar de amor...
    Eu falo, pois vivo dele, dai vem a sensibilidade, só tem quem ama de verdade!
    Bjs minha linda... e volte sempre, mesmo quando não se sentir só...rsrs

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